A alfabetização na EJA é pensada nas várias áreas do conhecimento,
visto que a educação popular coloca o desafio de olhar a alfabetização como
compreensão do mundo, como uma tomada de consciência das contradições presentes
na leitura de mundo, para nele agir na busca da sua transformação, na qual
pensamento e vida não estão dissociados, mas formam uma unidade indissolúvel.
Esta compreensão vê a realidade segundo diferentes enfoques do
conhecimento que, integrados, permitem diferentes compreensões das situações
que envolvem a realidade dos alunos como a construção da cidadania, a
transformação da realidade e a construção da autonomia moral de homens e
mulheres convertidos em classe que luta pela sua libertação e dignidade humana.
Com essa concepção, surgiu o
novo paradigma da educação, sendo Paulo Freire um dos principais pensadores que
traduz as ideias do contexto histórico presente, aprofundando experiências,
construindo caminhos e possibilidades novas para uma educação comprometida com
a cidadania plena.
Conforme Brandão (1995),
este novo paradigma conota uma sucessão de estratégias de ruptura, no sentido
da educação, caracterizando-se como a educação das classes populares, onde o
trabalho pedagógico assume o sentido de um movimento abrangente, que questiona
a educação existente.
Ao codificar e decodificar a sua situação existencial parece-nos
que o adulto envolvido nesse processo modifica a sua forma de ver o mundo, não
somente pelo desvelamento da realidade em sua verdade objetiva, mas também por
transformações em suas estruturas cognitivas, ou seja, a passagem do pensamento
adolescente ao pensamento adulto se dá quando o indivíduo torna-se capaz de
pensar a realidade concreta onde se insere, relacionando de forma dialética
generalizações obtidas através do conjunto de suas experiências práticas com
situações existenciais concretas.
Sendo assim, a intervenção pedagógica tem a intenção de desvelar as subjetividades que constroem e
mantêm uma sociedade alicerçada na desigualdade. Ao mesmo tempo deve criar uma
cultura de resistência, com novas subjetividades, capazes de criar uma nova
sociedade, com bases igualitárias, que respeite as diferenças.
Então, o respeito às diferenças remete a um entendimento de luta
de classes que, aglutinadas nas aspirações populares da democracia e da justiça
social, levam a construção de novas identidades políticas que apontam novos
rumos para a sociedade.
Com essa análise podemos concluir que a alfabetização, como
direito, é essencialmente política, acrescentando, na prática pedagógica, a
intencionalidade das ações e remetendo a uma reflexão sobre o porquê se ensina,
dando novos significados ao ensino-aprendizagem.
Referência:
GIROUX, Henri. Excerto do texto "Alfabetização e
'empowerment' Político", Introdução do Livro "Alfabetização", de
Paulo Freire e Donaldo Macedo. 1987
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Da educação fundamental ao fundamental
da educação. São Paulo, Cortez, CEDES (1), 1995.
Ola, a modalidade EJA, auxilia aqueles que por diversos motivos não concluíram os seus estudos e para aqueles que precisam trabalhar durante o dia. Infelizmente, hoje percebemos que no nosso estado, muitas dessas escolas que tem esta modalidade, estão sendo fechadas, deixando às pessoas sem perspectivas do futuro acadêmico.
ResponderExcluirAbraços