Na educação brasileira, a ausência de uma reflexão sobre
as relações raciais no planejamento escolar tem impedido a promoção de relações
interpessoais respeitáveis e igualitárias entre os agentes sociais que integram
o cotidiano da escola e suas famílias. O silêncio sobre o racismo, o
preconceito e a discriminação racial nas diversas instituições educacionais
contribui para que as diferenças de fenótipo entre negros e brancos sejam entendidas
como desigualdades naturais. Mas do que isso, reproduzem ou constroem os negros
como sinônimos de seres inferiores.
Não há como negar que o preconceito e a discriminação
raciais constituem um problema de grande monta para a criança negra, visto que essa
sofre direta e cotidianamente maus tratos, agressões e injustiças, os quais
afetam a sua infância e comprometem todo o seu desenvolvimento intelectual. A
escola e seus agentes, os profissionais da educação em geral, têm demonstrado
omissão quanto ao dever de respeitar a diversidade racial e reconhecer com
dignidade as crianças e a juventude negra.
O racismo e seus derivados no cotidiano e nos sistemas de
ensino não podem ser subavaliados ou silenciados pelos quadros de professores
(as). É imprescindível identificá-los e combatê-los. Assim como é pungente que
todos (as) educadores (as) digam não ao racismo e juntos promovam o respeito
mútuo e a possibilidade de se falar sobre as diferenças humanas sem medo, sem
receio, sem preconceito e, acima de tudo, sem discriminação.
O conflito e a discriminação
raciais na escola não se restringem às relações interpessoais. Os diversos
materiais didático-pedagógicos (livros, revistas, jornais, entre outros)
utilizados em sala de aula que, em geral, apresentam apenas pessoas brancas com
e como referência positiva, também são ingredientes caros ao processo
discriminatório no cotidiano escolar. Quase sem exceção, os negros aparecem
nesses materiais apenas para ilustrar o período escravista do Brasil-Colônia
ou, então, para ilustrar situações de subserviência ou de desprestígio social.
Buscar soluções para esses
problemas não é um trabalho apenas em favor dos alunos (as) negros (as),
representa um trabalho em favor de todos (as) os (as) brasileiros (as), quer
sejam pessoas pretas, pardas, indígenas, brancas ou amarelas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário