quarta-feira, 25 de abril de 2018

Relacionando as teorias de Jean Piaget e Lev Vygotsky


Segundo a teoria Piagetiana, a constante interação entre o individuo e o mundo exterior é o processo pelo qual se dá o desenvolvimento intelectual do ser humano. A interação leva a uma oscilação contínua entre equilíbrio e desequilíbrio. Quando o equilíbrio se restabelece, tem-se uma adaptação.
A adaptação é, desta forma, constituída por dois processos diferentes, porém indissociáveis: assimilação e acomodação. Desde o nascimento, o sujeito é estimulado pelo mundo externo, experimentando as mais diversas sensações.
Nesta perspectiva, a tarefa educativa não é a difusão de informação, mas a organização de um meio que incite e obrigue as crianças a realizar reorganizações contínuas
Quando a criança consegue incorporar os elementos do mundo às suas estruturas de conhecimento, diz-se que houve assimilação. No entanto, pode acontecer que alguns objetos não se encaixem nas estruturas cognitivas do indivíduo. Diante desta situação, ele terá que se ajustar à ação do objeto sobre suas estruturas, modificando-as, ou mesmo criando outras, até que aconteça a acomodação.
 A teoria psicogenética de Jean Piaget aborda o desenvolvimento cognitivo através de um sistema de transformações contínuas que comportem uma história e evolução de funções psicológicas, que geram mudanças na capacidade de interação com o meio.
O desenvolvimento dessas funções, segundo Piaget, é marcado por períodos que preparam o indivíduo para o estádio seguinte.
Já Vygotsky apresenta a relação entre a aprendizagem e o desenvolvimento e a concepção famosa de "zona de desenvolvimento proximal". O sujeito cria a si mesmo nas relações sociais; sua consciência, de natureza social e cultural, estabelece um contato social do indivíduo com si mesmo e com a realidade.
A principal visão de Vygotsky era desenvolver seu trabalho numa sociedade que procurava eliminar o analfabetismo da criança e do jovem, ou seja, construir um novo paradigma do sujeito.
 Considerar o ser humano como um sujeito da sua própria vida e ao mesmo tempo como processo social, cultural e histórico.
O princípio da origem social é a base dos trabalhos de Vygotsky : "todas as funções do desenvolvimento da criança aparecem duas vezes ou em dois planos. Primeiro no plano social e depois no plano psicológico, primeiro entre pessoas (interpsicológico) e depois no interior da criança (intrapsicológico)". (Vygotsky, 1984)
Com este princípio conseguiremos compreender a qualidade humana destas funções só se compreendermos os instrumentos (signos) e os sinais que as mediam (meios culturais e históricos).
Vygotsky quebra com o tradicional, pois o sujeito não se constitui de fenômenos internos e nem reduz a um reflexo passivo do meio.
Ele enfatiza que a escola é o próprio lugar da psicologia, nela se realizam as funções psíquicas superiores, um verdadeiro laboratório humano, onde a aprendizagem sempre inclui relação entre as pessoas com o mundo sempre mediado pelo outro.
Seus grandes temas são: a criatividade das crianças, o papel do brinquedo, a relação entre linguagem e pensamento, a relação dos conceitos didáticos e científicos e a relação entre aprendizagem e desenvolvimento. Sendo fundamental o brincar na primeira infância pelo fato de poder criar situações diversas, de forma que imaginar aquilo que passa despercebido pela criança na brincadeira se torna regra.
Vygotsky teve o propósito de trabalhar para a construção de uma sociedade nova, uma sociedade socialista, onde não existissem bases para uma alienação entre desenvolvimento individual e social.
Apesar do aspecto construtivista aparecer nas duas teorias, podemos dizer que para Piaget, o desenvolvimento se da de dentro para fora, onde a criança se apodera de um conhecimento se agir sobre ele, pois aprender é descobrir, inventar; já para Vygotsky, o desenvolvimento é um processo que se da de fora para dentro a partir do mecanismo de internalização.
 
Referências:
Texto: Pensamento e Linguagem: Percurso Piagetiano de Investigação - Adrián Oscar Dongo Montoya

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Reflexão sobre o contexto educacional atual às tecnologias nas escolas


Na atualidade, os meios tecnológicos estão inseridos na vida dos estudantes e fica claro que a informática não criou apenas um hábito, como também se consolidou como uma importante ferramenta de informação, pesquisa e entretenimento. Estes recursos podem ser aliados à uma prática de educação no modelo de pedagogia relacional, onde o aluno constrói seu conhecimento tendo o professor como mediador do processo. Sendo a aprendizagem um processo que se fundamenta em  projetos de aprendizagens, com formulação de hipóteses, confirmação ou refutação das mesmas e divulgação de resultados,  as tecnologias digitais viabilizam esse processo educacional.

Escola, professores, recursos didáticos, novas tecnologias, todos são, afinal, elementos mediadores entre o aluno e o objeto de estudo. Através dessa mediação, o aluno pode aprender as mais avançadas formas de interagir com a realidade, transformando-a. Infelizmente a educação pública nem sempre consegue ou tem recursos para acompanhar essas tecnologias.

Mas, qualquer que seja a tecnologia adotada pelo professor, estas são um instrumento para a concepção de educação que fundamenta sua prática, ou seja, um professor pode por em prática a metodologia relacional , tendo somente como ferramentas o quadro e o giz, mas dialogando, respeitando e valorizando conhecimentos prévios dos alunos , como pode , dentro de uma Laboratório de Informática, esvaziar de sentido as atividades e torná-las uma ação da pedagogia tradicional, onde a relação do aluno com o conhecimento se processa de uma maneira passiva, controlada, não havendo nem mesmo a interação aluno-objeto do conhecimento.

Este é o grande desafio: a necessidade de educadores em desenvolver aulas diferenciadas que provoquem no aluno a curiosidade e o interesse, introduzindo a tecnologia de forma pedagógica e construtiva.

Acredito que, o trabalho de reestruturação curricular depende fundamentalmente do trabalho do professor, como ele organiza o ambiente, quais seus referenciais de educação e de concepção de mundo e como intervém junto aos seus alunos em relação aos recursos utilizados.

Não se trata de um planejamento central para realizar um atendimento diferenciado, mas sim utilizar os recursos tecnológicos para enriquecer os ambientes de aprendizagem construtivistas, em que cada aluno é um sujeito ativo em interação com os outros.

Conclui-se que, vivemos em uma sociedade em permanente transformação, olhar de diferentes perspectivas na educação não é somente fundamental, mas, absolutamente necessário para  reconhecer a diversidade cultural, ampliando e enriquecendo as diferentes comunidades de aprendizagem e possibilitando, a todos, novas e variadas formas de refletir, construir e viver seu cotidiano pedagógico com abordagens inovadoras e criativas.

Além disso, é necessário diminuir a defasagem entre a educação escolar e o desenvolvimento científico e tecnológico da sociedade atual, quebrando tabus de que o acesso à tecnologia da informação é inviável às classes populares.

        

 

quarta-feira, 18 de abril de 2018

Refletindo sobre o Curta Escolas Democráticas


Assistindo o curta "Escolas democráticas", deparei-me com uma realidade vista em muitas escolas, desvelando o desinteresse dos alunos.
 Inúmeras são as relações e causas permeando tal questão presente no cotidiano da escola, ou seja, o aluno receptor de conteúdos que não acompanham a sua realidade e sem respaldo e significação para seus anseios.
O curta demonstra que o conhecimento a ser tratado nunca deve ser compartimentado e estanque, pois leva a desmotivação e o descontrole educacional com posturas autoritárias e reprodutivistas. Percebi que essas consequências são bastantes problemáticas e negativas para a prática educativa.
Mas, é possível superar esses obstáculos com um currículo escolar complexo, englobante e vinculado aos aspectos da vida na família e na sociedade, instrumentalizando os sujeitos para acompanhar os avanços do mundo/meio em que vivem, primando pela capacidade de investigação e constantes experiências. Assim a proposta pedagógica poderá ser sustentada na epistemologia genética piagetiana (estágios do desenvolvimento), no sociointeracionismo vygotskiano (relações sociais) entendendo-se que tais bases teórico-epistemológicas sirvam como fio condutor do processo ensino-aprendizagem de forma significativa, efetivando-se na prática pedagógica e na convivência entre ambas as partes.
Esta seria então, uma Escola democrática focada naquilo que é relevante, atuando em medidas sincronizadas de responsabilidades envolvendo toda a comunidade escolar na construção de um currículo com realismo e gosto de vida, demonstrando que não somos personagens passivos nesse processo, somos fabricados e nos fabricamos em nossas descobertas.
Bobbit (1918) referia-se ao currículo como "aquela série de coisas que as crianças e os jovens devem fazer e experimentar a fim de desenvolver habilidades que os capacitem a decidir sobre assuntos da vida adulta".
Caswell (1950) transita da noção de que "currículo escolar abrange todas as experiências do aluno sob orientações do professor" (enfoque psicopedagógico) para o enfoque sociológico, entendendo por currículo "tudo o que acontece na vida de uma criança, na vida de seus pais e de seus educadores. Tudo o que cerca o aluno em todas as horas do dia, constitui matéria para o currículo".
Currículo passa a ser compreendido como o Ambiente em Ação onde se efetiva a construção do conhecimento e a relação de aprendizagem e desenvolvimento, através de uma atitude cultural e interdisciplinar, feitas em razão das condições refletidas no comportamento, no pensamento e na organização educacional de uma Escola democrática.
 

Referências

Bobbit, Franklin. The curriculum. Boston, Houghton Mifflin Company, 1918.

BOBBITT, John Franklin. O currículo. Lisboa: Didática, 2004.
Caswell, Holus L. Curriculum improvement in public school systems. New York, Columbia University, 1950. Citado por Sperb, Dalilla C. Problemas gerais de currículo. Porto Alegre, Globo, 1972. p. 46.

 

 

 

segunda-feira, 9 de abril de 2018

A Alfabetização na EJA


A alfabetização na EJA é pensada nas várias áreas do conhecimento, visto que a educação popular coloca o desafio de olhar a alfabetização como compreensão do mundo, como uma tomada de consciência das contradições presentes na leitura de mundo, para nele agir na busca da sua transformação, na qual pensamento e vida não estão dissociados, mas formam uma unidade indissolúvel.
Esta compreensão vê a realidade segundo diferentes enfoques do conhecimento que, integrados, permitem diferentes compreensões das situações que envolvem a realidade dos alunos como a construção da cidadania, a transformação da realidade e a construção da autonomia moral de homens e mulheres convertidos em classe que luta pela sua libertação e dignidade humana.
Com essa concepção, surgiu o novo paradigma da educação, sendo Paulo Freire um dos principais pensadores que traduz as ideias do contexto histórico presente, aprofundando experiências, construindo caminhos e possibilidades novas para uma educação comprometida com a cidadania plena.
Conforme Brandão (1995), este novo paradigma conota uma sucessão de estratégias de ruptura, no sentido da educação, caracterizando-se como a educação das classes populares, onde o trabalho pedagógico assume o sentido de um movimento abrangente, que questiona a educação existente.
Ao codificar e decodificar a sua situação existencial parece-nos que o adulto envolvido nesse processo modifica a sua forma de ver o mundo, não somente pelo desvelamento da realidade em sua verdade objetiva, mas também por transformações em suas estruturas cognitivas, ou seja, a passagem do pensamento adolescente ao pensamento adulto se dá quando o indivíduo torna-se capaz de pensar a realidade concreta onde se insere, relacionando de forma dialética generalizações obtidas através do conjunto de suas experiências práticas com situações existenciais concretas.
Sendo assim, a intervenção pedagógica tem a intenção de desvelar as subjetividades que constroem e mantêm uma sociedade alicerçada na desigualdade. Ao mesmo tempo deve criar uma cultura de resistência, com novas subjetividades, capazes de criar uma nova sociedade, com bases igualitárias, que respeite as diferenças.
Então, o respeito às diferenças remete a um entendimento de luta de classes que, aglutinadas nas aspirações populares da democracia e da justiça social, levam a construção de novas identidades políticas que apontam novos rumos para a sociedade.
Com essa análise podemos concluir que a alfabetização, como direito, é essencialmente política, acrescentando, na prática pedagógica, a intencionalidade das ações e remetendo a uma reflexão sobre o porquê se ensina, dando novos significados ao ensino-aprendizagem.

Referência:

GIROUX, Henri. Excerto do texto "Alfabetização e 'empowerment' Político", Introdução do Livro "Alfabetização", de Paulo Freire e Donaldo Macedo. 1987

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Da educação fundamental ao fundamental da educação. São Paulo, Cortez, CEDES (1), 1995.

 

 

segunda-feira, 2 de abril de 2018

Conceitos e funções da Educação de Jovens e Adultos no Brasil


A Educação de Jovens e Adultos (EJA) representa outra e nova possibilidade de acesso ao direito à educação escolar sob uma nova concepção de modalidade diferente de ensino (reparadora),possibilitando aos  indivíduos novas inserções no mundo do trabalho (equalizadora) sob um modelo pedagógico próprio e de organização relativamente recente que passa a ser um direito de todo o cidadão, tendo como princípio a conquista da justiça social contra o analfabetismo(qualificadora).
Assim, redimensionam-se o tipo de conhecimento construído na educação de Jovens e Adultos, para que se apropriem de um saber, que seleciona seus conteúdos na dimensão social, política e cultural.
Esta concepção configura a síntese política que expressa com mais determinação o compromisso histórico com os excluídos, com as classes populares que lutam para superar suas condições de vida precária.
Cabe ao educador, buscar, no âmbito da legislação em vigor, as formas mais adequadas, mais flexíveis, mais criativas de oferecer aos jovens e adultos uma proposta pedagógica que leve em consideração suas potencialidades, suas necessidades, suas expectativas em relação à vida, visando o atendimento às necessidades detectadas ao campo do trabalho.
Devemos abrir um espaço especial, para refletir e avaliar nosso comprometimento, na construção de propostas educativas, para Jovens e Adultos, que não conseguiram concluir seus estudos em tempo hábil, e que sejam capazes de enfrentar os desafios de um novo tempo, que o futuro nos reserva.
O sistema de Ensino, apesar de ter órgãos específicos para orientar e conduzir a formação desta clientela, não consegue, ainda atender totalmente às carências destes que trabalham e desejariam concluir sua formação educacional.
É necessário conscientização e acreditar nas mudanças a essa modalidade de ensino como a EJA destinada a jovens e adultos que não tiveram acesso ao ensino em idade correta, sendo o desafio de possibilitar igualdade de condições a todos, fazendo com que retomem seus estudos e tenham o desejo de aprender, já que em contrapartida poderão transformar sua visão de mundo, a fim de melhorar sua própria vida. Ao educador é importante analisar a vivencia de exclusão e entender a escolarização tardia, e a importância da EJA na vida dos sujeitos de modo a não negar educação àqueles que já foram excluídos da escola na idade regular. A educação, enquanto prática social, é produto e produtora dos vários condicionamentos sociais, concorrendo para a emancipação política e econômica do ser humano.
Contudo, para garantir o acesso a EJA é imprescindível à valorização do professor por formação continuada e políticas de incentivo, bem como valorizar o trabalhador-aluno que em outro momento de sua vida percebe na escola um importante espaço de formação humana, o que o faz retornar a ela e propor mudanças necessárias para que se tenha um meio social sem exploração, sem dominação de uma minoria sobre a maioria, a que se deve acrescentar a inexistência de um fluxo suficiente de recursos financeiros, humanos e materiais para a educação básica, no sentido de enfrentar essa imensa evasão escolar.
 
 

 

Parabéns Colegas Pedagogos

Parabéns a todos "Pedagogos" que dedicam cada minuto de suas vidas na arte de educar!                                         O...