sexta-feira, 18 de maio de 2018

Ação Interdisciplinar


Na cultura escolar, a ação educativa de planejar currículo é estabelecer metas, definir estratégias, fixar tempos, organizar espaços escolares, com a intenção de alcançar as finalidades dos diferentes níveis de ensino, tendo em vista as finalidades maiores da educação nacional.

O currículo, na seleção e ordenação de conteúdos é compreendido como uma seleção de conhecimentos extraídos de uma cultura mais ampla e, historicamente, acumulada. Assim, redimensionam-se o tipo de conhecimento construído na educação, para que se apropriem de um saber, que seleciona seus conteúdos na dimensão social, política e cultural. Assim, o currículo não constitui uma seleção arbitrária de conteúdos , mas um projeto de ensino, que se organiza em torno de bases metodológicas racionais e sistematizadas, que busca,  a sua construção, a partir do trabalho integrado e flexível.

Os saberes compartimentados, nos dá a ideia de que as matérias podem ser tratadas como setores estanques e de que o conhecimento do aluno se estrutura por estabelecer relações de aprendizagens, quase sempre desconexas, sem a inter-relação entre as diferentes áreas do conhecimento sem expressar coerência. O professor precisa se dar conta de que a essência do seu trabalho está na aquisição pelo aluno de competências cognitivas complexas, cuja a importância vem sendo cada vez mais enfatizada: autonomia intelectual, criatividade, solução de problemas, análise mais verdadeira para alunos provenientes de ambientes culturais e sociais, em que o uso da linguagem é restrito e a sistematização do conhecimento espontâneo raramente acontece. O ensino fragmentado em disciplinas não permite o desenvolvimento da inteligência, pois reduz a aprendizagem a sua transmissão isolada, levando, inclusive, o aluno a se desinteressar pela escola.

Nesse contexto, relacionamos os modelos Taylorismo e Fordismo, nas influências observadas nos programas para a educação, resultando em ações isoladas com nenhuma eficiência e eficácia, resultando na fragmentação desses programas, onde os mesmos não conseguem atingir e transcender os seus objetivos, caracterizado pela racionalização, planejamento, formalização, mecanização do ensino, onde os alunos muitas vezes não são levados a pensar e sim a decorar, para passar de ano e atingir as metas da Gestão Escolar, acabando por repercutir negativamente na prática escolar. Todas estas influências estão presentes no ensino, nas relações entre aluno/professor, levando a baixa autoestima do docente para a escola.

O trabalho integrado, através de uma ação interdisciplinar, vem sendo compreendido como uma forma  de produção flexível em sala de aula, onde se propõe um único tema com abordagens em diferentes disciplinas. Cada conteúdo tem suas características, suas especificidades. Saber onde se quer chegar, o que quer que os alunos aprendam, quais as relações que necessitam fazer, faz parte da organização de um projeto interdisciplinar.

De acordo com Werneck, 1991:

" Ao pensar em interdisciplinaridade, podemos pensá-la sob dois aspectos. Um que se refere à intenção do professor e suas potencialidades; e um outro às características do conteúdo estudado. Quanto ao professor, podemos pensar que a interdisciplinaridade se constrói a partir do modo como ele vê o mundo, de sua vivência, sua experiência, seu envolvimento e principalmente de seu conhecimento sobre o conteúdo em questão.. Ter uma atitude interdisciplinar, portanto, é ter uma mudança de concepção de ensino por que vem quebrar uma estrutura de ensino secular, fundamentada no isolamento das disciplinas, que orientava o papel do professor como se cada matéria não tivesse relação com as outras".


Hoje, sentimos que por meio da interdisciplinaridade podemos aprofundar em reflexões e assim compreender melhor a prática docente, transformando-a cada vez mais.
Por tudo isso é que o "interdisciplinar" provoca "atitudes de medo e recusa"( Japiassu, 1994). Porque constitui uma inovação.

Essas inovações podem ser através da educação global, com aprendizagens transformadoras no currículo integrado por atividades globalizadas das unidades de trabalho, onde escolhe-se um assunto e, através deste, trabalha-se Comunicação e Expressão, iniciação a Ciências e Integração Social.

O Centro de Interesse, também é um método globalizado permitindo ao aluno liberdade, individualidade, dando o máximo de autonomia para agir de acordo com seus gostos e necessidades, sendo seu interesse movido pela ação de observar (olhando, tocando, analisando).
Um Centro de interesse permite ao professor ter uma visão geral do que  determinado tema permite explorar na medida que é praticado.
Destacamos aqui, a contribuição referente a Metodologia de Projetos, sendo uma atividade que se desenvolve diante de uma situação problemática, concreta, real, com tema de investigação de livre escolha do aluno e que busca soluções práticas.

Segundo MORAES e RAMOS (1988):

"...o projeto é uma atividade em que  o aluno envolve-se voluntariamente, fixa a finalidade de seu trabalho, decide sobre como conduzi-lo, tendo sempre em vista um fim prático e relacionado ao meio natural ou social em que vive. Isto implica na participação mental constante do aluno, em ter sua mente permanentemente voltada para determinado fim".

Essa metodologia pode ser trabalhada em uma ou mais disciplinas, estimulando projetos disciplinares ou interdisciplinares, bem como pode ser aplicada para desenvolver programas ou para estimular a criatividade dos alunos, permitindo que eles desenvolvam projetos de sua inteira iniciativa.
Assim, na ação unificadora do conhecimento resgata-se na relação homem-mundo a possibilidade de serem educadas as novas gerações numa outra perspectiva de ensino.

Enquanto prática pedagógica na cultura escolar, entendemos que a ação do currículo integrado nas modalidades da forma interdisciplinar, centros de interesse, metodologia de projetos e globalização dos conteúdos, podemos construir coletivamente o saber, ao buscar, juntos, o novo, o risco, a descoberta, o diálogo, a troca, o conhecer, deixando que cada um assuma a sua prática dentro dos próprios limites de uma educação global nas diferentes formas de pensar e de agir.

Referências:
Textos:

- JAPIASSU, Hilton. A questão da interdisciplinaridade. Revista Paixão de Aprender. Secretaria Municipal de Educação, novembro, n°8, p. 48-55, 1994.
- As origens da modalidade de currículo integrado de Santomé.
- Fragmento de "Planejamento: globalização, interdisciplinaridade e integração curricular" de Maria Luisa Xavier .

- SILVA, Luiz Heron da. A escola cidadão no contexto da Globalização. Petrópolis, Vozes, 1998.

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